O Impacto das Redes Sociais no Comportamento das Crianças
Os vícios em redes sociais e a corrida constante por “likes” juntamente com a busca de aprovação social, são questões relevantes na atualidade e podem afetar significativamente a saúde mental de todas as pessoas, principalmente de nossas crianças e adolescentes.
Há tempos existe o alerta, o uso excessivo das “redes” pode levar a uma série de problemas, como ansiedade, depressão, solidão, isolamento social, baixa autoestima, insônia e problemas de concentração prejudicando assim o aprendizado e o desenvolvimento da criança, bem como as emoções do adolescente.
Isso ocorre porque a exposição constante a conteúdos negativos advindos destas “comunidades digitais”, como notícias ruins, imagens violentas, cyberbullying e até mesmo a demonstração de uma falsa vida que é idealizada como perfeita, pode desencadear grandes níveis de estresse e afetar o seu equilíbrio emocional.
Além disso, a busca por “likes” e a aprovação social, pode levar a um comportamento compulsivo por parte delas (assim como nos adultos também), o qual as fazem checar constantemente suas redes sociais em busca de um “feedback” positivo, podendo gerar uma séria dependência digital, afetando de certa forma a sua saúde mental a longo prazo.
Mas por que redes sociais viciam?
Bom, existem várias razões pelas quais as redes sociais viciam e algumas delas incluem:
● Dopamina: A dopamina é um neurotransmissor do cérebro que desempenha um papel importante no controle do sistema de recompensa. Quando recebemos uma recompensa, como comer algo saboroso ou receber um elogio, nosso cérebro libera dopamina, o que nos faz sentir bem e pode levar a uma sensação de prazer e felicidade.
As redes sociais por sua vez, são projetadas para serem altamente envolventes, com recursos como curtidas, comentários e compartilhamentos que incentivam os usuários a verificar suas contas com frequência, o que provoca uma grande liberação de dopamina no cérebro, levando então a uma sensação de prazer e bem-estar excessiva, que pode levar a um desequilíbrio na liberação deste neurotransmissor, afetando negativamente a sua saúde mental e emocional, incluindo ansiedade, depressão, solidão e isolamento social.
● Conexão social (Virtual): Embora as redes sociais possam nos conectar com pessoas em todo o mundo, elas também podem nos deixar isolados em nossas próprias vidas. Muitas vezes, as crianças e adolescentes passam horas rolando o feed das redes sociais e se envolvendo em interações online, em vez de sair e encontrar amigos presencialmente. Aflorando assim, um sentimento de solidão e desconexão com o mundo lá fora.
Comparação social: As redes sociais podem fazer com que elas se sintam sempre em uma competição constante, provocando em si, sentimentos negativos devido as realizações dos outros ao se comparem constantemente com elas, o que pode leva-las a ter sentimentos de inadequação e baixa autoestima. Isso acontece porque as redes sociais muitas vezes mostram uma versão falsa da “vida perfeita” das pessoas, fazendo com que aquelas do outro lado da tela, se sintam mal por não estarem atingindo esses padrões irreais.
● FOMO: Em português, FOMO (Fear of Missing Out) pode ser traduzido como “medo de ficar de fora”. É um fenômeno psicológico que descreve a ansiedade ou o estresse que algumas pessoas sentem ao acreditar que outras pessoas estão se divertindo, fazendo coisas interessantes ou aproveitando oportunidades, enquanto elas próprias estão perdendo algo importante. Pode ser exacerbado pelo uso de redes sociais, já que essas plataformas frequentemente mostram a vida dos outros e destacam eventos, atividades e experiências que os usuários podem ter perdido. Pessoas com FOMO podem sentir a necessidade de se conectar constantemente com as redes sociais para se sentir atualizadas e não perder nenhuma oportunidade, noticias ou evento.
Lidando com o problema
Para lidar com esse problema, é importante estabelecer limites claros no uso das redes sociais e explicar os benefícios e desvantagens do seu uso excessivo, mostrando como é importante que crianças e adolescentes entendam que, embora esta interação possa ser muitas vezes divertida e útil em alguns aspectos, o seu uso excessivo pode ter efeitos negativos na sua saúde mental, na sua interação com as pessoas do mundo real e até mesmo na sua capacidade de se concentrar em outras atividades importantes do dia a dia.
De certo modo, é fundamental que os todos indivíduos sejam conscientes do impacto que as redes sociais podem causar na sua saúde mental e assim, estejam sempre atentos aos sinais de vício e compulsão principalmente entre nossas crianças e adolescentes.
Pois ao entender como o uso excessivo desta ferramenta digital afeta o nosso bem-estar e o delas, é possível tomar medidas para nos proteger e salvaguardar nossas crianças dos seus efeitos danosos, melhorando assim a qualidade de vida de todos.
Referências:
Twenge, J. M., Joiner, T. E., Rogers, M. L., & Martin, G. N. (2018). Increases in depressive symptoms, suicide-related outcomes, and suicide rates among U.S. adolescents after 2010 and links to increased new media screen time. Clinical Psychological Science, 6(1), 3-17. https://doi.org/10.1177/2167702617723376
Lin, L. Y., Sidani, J. E., Shensa, A., Radovic, A., Miller, E., Colditz, J. B., Hoffman, B. L., Giles, L. M., & Primack, B. A. (2016). Association between social media use and depression among U.S. young adults. Depression and anxiety, 33(4), 323-331. https://doi.org/10.1002/da.22466